1) Locais onde não é
possível o acesso ao maquinário, e por isto seriam áreas
para fazer a queimada, geralmente são áreas impróprias
para atividades que não a de preservação do ecossistema.
Estes locais, também são conhecidos como áreas de
risco e como áreas de preservação permanente, sendo
por isto, importante para a coletividade a não intervenção
nestas zonas;
2) Frequentemente, o que se constata, é o desmatamento dos ecossistemas
associados (principalmente Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional
Decidual e Floresta Ombrófila Semi-decidual) de encostas e topos
de montanhas, com a queima da vegetação arbórea /
arbustiva e plantio de culturas de ciclo curto. Com um solo inadequado,
dificuldades de acesso, dificuldades de trabalho em solo pedregoso e,
por vezes, íngreme, o cultivo é abandonado anos após;
3) Há muitos referências práticas em campo, evidenciando
alternativas seguras e rentáveis para o manejo dos Campos de Cima
da Serra, com ênfase na pecuária;
4) O Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica
(CERBMA-RS) tem um histórico de dedicação ao tema,
com Grupo de Trabalho atuando para obtenção de solução
viável sem comprometimento ambiental. Seria importante o contato
com este colegiado, para consolidação de estratégias
ambientalmente corretas e com geração de trabalho e renda;
5) Em 2009, foi publicada a obra “Campos Sulinos – conservação
e uso sustentável da biodiversidade”, resultado de uma iniciativa
do GEPAM (Grupo de Estudos em Pastagens Naturais), concretizada na realização
do seminário “O futuro dos Campos: conservação
e uso sustentável”. Igualmente, tal obra deveria ser consultada,
visto abordar, cientificamente, todos os aspectos deste tema;
6) A audiência pública, nesta mesma Assembléia Legislativa,
em 25 de junho de 2002 (PEC 119/20002) possibilitou o compartilhamento
de várias fontes de informação, notadamente na fala
da, então, deputada Jussara Cony;
7) Por outro lado, não há como negar que as queimadas:
- lançam gases tóxicos e cancerígenos na atmosfera,
contribuindo para a alteração do clima e do regime das chuvas;
- são a SEGUNDA CAUSA do processo de aquecimento global (a primeira
é da emissão de gases de veículos automotores movidos
à combustível fóssil), porque produzem dióxido
de carbono, agravando o efeito estufa;
- preocupam a saúde humana, que vem sendo prejudicada, muitas vezes
silenciosamente, por conta de problemas respiratórios e cardiovasculares
relacionados com os gases tóxicos;
- colocam em risco a segurança de motoristas, visto que prejudicam
a visibilidade nas páreas em que há incêndios;
- interferem na aviação, o que é extremante indesejável
em rotas de aeronaves ou para regiões que querem construir aeroportos;
- causam morte de animais silvestres que não conseguem fugir (a
foto de um tamanduá, de pé sobre duas patas traseiras e
com as dianteiras abertas ao céu, com os olhos cegos pela queimada
é uma cena dolorosa);
- os animais que conseguem fugir, frequentemente, são encontrados
mortos atropelados nas estradas próximas;
- os animais que conseguem fugir, também podem se tornar rsico
de acidentes para condutores desatentos.
Ainda, para refletir: a Aliança do Pampa
(Alianza del Pastizal), uma iniciativa liderada pela BirdLife International
em conjunto com seus representantes nos quatro países que compõem
o bioma do Pampa (SAVE Brasil, Aves Argentinas, Guyra Paraguay e Aves
Uruguay), fechou o primeiro semestre de 2011 alcançando grandes
avanços aliando o desenvolvimento econômico do Pampa com
a conservação da biodiversidade por meio da promoção
de técnicas de manejo dos campos nativos favoráveis ao meio
ambiente. Isto se refletiu na isenção de licença
ambiental para a criação extensiva de animal de corte, bovinos
e ovinos, em pastagens formadas por campo nativo (resolução
48/2011).
Concluindo, a queimada é destrutiva sob
os pontos de vista ambiental, de saúde, econômico, social
e jurídico. Deve-se acabar com esta técnica medieval, fomentando
as práticas alternativas existentes e cientificamente consolidadas,
aproximando os produtores/agropecuaristas de fontes de financiamento para
adotá-las. Sem recursos (que existem) a atividade nos Campos de
Cima da Serra pouco tem a oferecer, pois não há incremento
nas técnicas para um maior ganho/ano e para a manutenção
do produtor na terra, ficando-se à mercê de um clima, que
com práticas ambientalmente incorretas, se torna cada vez mais
instável.
NÃO HÁ ARGUMENTO VÁLIDO PARA
QUE SE QUEIMEM SERES VIVOS.
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