Saiba mais sobre a região proposta para o Refúgio
da Vida Silvestre
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Campos de Cima da Serra É uma região de rica biodiversidade, baixa ocupação populacional e águas cristalinas, que também correspondem, em grande parte, ao Planalto das Araucárias. Nesse paraíso estão localizadas as principais nascentes dos formadores das Regiões Hidrográficas do Lago Guaíba e do Rio Uruguai. Além de toda exuberância dos campos de altitude, que predominam na região, conta ainda com a beleza incomparável das florestas de araucárias e das turfeiras. Todas estas formações vegetais fazem parte do bioma Mata Atlântica, um dos cinco mais ameaçados do planeta!
Outros atrativos naturais são os desfiladeiros (canyons), cascatas e paredões rochosos. O clima frio e úmido da região selecionou uma flora e fauna exuberante. Entre as mais de mil espécies vegetais, destacam-se as petúnias, os lírios e a flor símbolo do Rio Grande do Sul: o brinco-de-princesa.
A fauna da região pode ser observada com relativa
facilidade, como: o graxaim do campo, o veado-campeiro, o lagarto-do-papo-amarelo,
a patativa e a seriema. Com sorte, pode-se observar de perto um dos maiores
felinos das Américas,
No Aparados da Serra Rasgado por mais de trinta desfiladeiros que parecem terem sido cortados, os Aparados da Serra constituem a borda da Serra Geral, e daí a origem do seu nome. O embasamento da Serra Geral, de menor altitude, apresenta outra variedade do bioma Mata Atlântica, caracterizada pela floresta que inclui as palmeiras do palmito. Assim, tanto na base ao nível do mar quanto no topo - entre 1.000 e 1.800 metros de altitude - um horizonte verde a perder de vista. Os seus pontos mais deslumbrantes são os cânions do Itaimbezinho (Parque Nacional dos Aparados da Serra), Fortaleza (Parque Nacional da Serra Geral), Monte Negro (ponto mais alto do RS), a Pedra Furada e o Campo dos Padres, de onde se avista boa parte do litoral catarinense e algumas das estradas mais lindas do país, como a Serra do Rio do Rastro (SC) e a Rota do Sol (RS). Na região dos Aparados da Serra ainda é possível retornar no tempo, em qualquer idade, percorrendo - a pé, a cavalo ou de bicicleta- parte do antigo “Caminho dos Tropeiros”. Este complexo de trilhas ligava o Rio Grande do Sul até São Paulo e foi responsável pela ocupação de áreas onde, atualmente, temos vários municípios. Destacam-se as taipas (muros de pedras), o gado franqueiro e os sítios arqueológicos.
Não bastasse toda essa beleza e história, a região também é um tradicional reduto gaúcho onde se pode aproveitar o bom chimarrão, o churrasco, os bailes, os Centros de Tradição Gaúcha e um calendário permanente de rodeios crioulos, torneios de laço e cavalgadas com saídas diárias. No Rio Pelotas É impossível esquecer as belezas naturais do Rio Pelotas e a sua importância biológica, cultural e histórica. Principal afluente do rio Uruguai, ele forma uma das maiores regiões hidrográficas do Sul do Brasil. Suas águas passam ainda pela Argentina e pelo Uruguai e mais tarde se juntam ao rio Paraná para formar o grande rio da Prata.
O rio Pelotas foi palco de passagem dos antigos tropeiros que atravessavam a mula-guia amarrada numa espécie de botezinho, feito com couro de boi, ao qual davam o nome de pelota. Nessa “pelota” iam dois remadores, o que deu origem ao nome do rio. O Passo de Santa Vitória, na foz do rio dos Touros, era o ponto mais adequado de travessia desde os primeiros tropeiros (1740) e foi também palco de um evento importante da revolução farroupilha: o combate de Santa Vitória, em 1839, com a presença de Anita Garibaldi lutando para derrubar as forças do império.
É um paraíso, entre montanhas e remanescentes de Mata Atlântica, para ambientalistas e aventureiros. O primeiro rafting nas águas do Pelotas ocorreu numa expedição em setembro de 2006. Nesta expedição foi possível constatar a enorme riqueza que será perdida, caso sejam efetivado projetos de instalação de aterros industriais tóxicos e de distritos industriais, mudando a paisagem e comprometendo a biodiversidade. Todo este cenário de beleza ímpar também está ameaçado pelos plantio de alimentos com altos índices de aplicação de agrotóxicos e extensas plantações ilegais de pinus. Usinas Hidrelétricas (UHE), como Itá, Machadinho e Barra Grande (esta última “afogou” oito mil hectares de campos e florestas) já comprometeram a biodiversidade e a cultura de grande parte do rio e de suas margens. A maior ameaça atual é a proposição para construção da quarta UHE, Pai-Querê, que sepultaria o último trecho livre do rio Pelotas. Um Refúgio para a Vida Silvestre Para manter todos os atributos biológicos, culturais, históricos e cênicos do que restou no Rio pelotas e Campos de Cima da Serra, existe a proposta de criação de um Refúgio de Vida Silvestre do Rio Pelotas e dos Campos de Cima da Serra – como um Corredor Ecológico na divisa do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O Refúgio da Vida Silvestre (RVS) é um tipo de Unidade de Conservação do Grupo das Unidades de Proteção Integral, prevista na Lei do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), em julho de 2000. Uma RVS tem como objetivo preservar a existência ou reprodução de espécies da flora local e da fauna residente ou migratória, excepcional nesta região.
O RVS pode ser constituído por áreas particulares, o que possibilita aos proprietários utilizarem a terra e os recursos naturais. Havendo harmonia entre os objetivos da área e as atividades privadas, é possível conciliar proteção ambiental com geração de renda. São exemplos de atividades: visitação pública, turismo rural, turismo histórico-cultural, eco-turismo. A observação de aves (birdwatching) é uma excelente opção para a economia local. A pecuária é uma das alternativas econômicas viabilizadas de acordo com a proposta deste RVS.
Portanto, a criação do RVS Rio Pelotas e Campos de Cima da Serra é uma necessidade para a biodiversidade e para as comunidades locais.
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imagens:
biól.Lisiane Becker |